Este post começou da ideia fixa, incessante e que não me abandona um só minuto se quer… A NECESSIDADE DE VIAJAR!

Sou compulsiva! Diagnosticada e em tratamento… Fui, então, pesquisar o que pode ser isso! Pude constatar que não sou a única, ou seja, a necessidade de viajar constantemente é bem mais comum do que imaginava.

Obviamente, no espectro entre 1 (não pensar/querer viajar) e 10 (SÓ querer/pensar em viajar) temos o meio termo e para cada um, em cada realidade significará alguma coisa. As pessoas têm inúmeros motivos para viajar: férias, trabalho, diversão, estudo, etc. Existem aquelas que não sentem nenhuma necessidade de viajar, que não têm inquietação especial por descobrir lugares. As férias são consideradas um momento para descansar, ficar relaxado ou talvez ir para um hotel e desconectar-se das tarefas rotineiras como preparar refeições e limpeza.

Ao contrário, o que quis investigar é essa necessidade intensa, inquieta e que te arrasta a querer conhecer tudo e agora! Vamos aos achados…

 

Síndrome de Wanderlust é o nome dados a quem tem obsessão por viajar! Wander de excursão, passeio, viagem: e Lust de desejo. Explicando melhor, seria como uma paixão arrebatadora por descobrir novos lugares e culturas diferentes, muito mais forte do que o simples desejo de tirar férias, fazer uma pausa… Estes “viajantes compulsivos” desfrutam sem restrição do prazer de viajar, de estar em movimento constante e de preferência não muito tempo em um só lugar!

Os genes poderiam explicar este espírito aventureiro ou a síndrome de Wanderlust. Para David Dobbs, pesquisador da National Geographic esses genes, mais especificamente o chamado DRD4-7, um receptor de dopamina (neurotransmissor do prazer) foram batizados de “Gene Viajante”. Para o pesquisador, este gene faz com que as pessoas que o possuem “aceitem melhor mudanças e aventuras”, e também teriam mais afinidade para assumir riscos em termos de novas ideias, comidas e relacionamentos.

Ecdemomania é o nome dado a quem quer viajar constantemente, acima do normal e é considerado um transtorno. Descrita como: impulso mórbido ou obsessão em viajar ou passear / transtorno que se caracteriza pelo desejo compulsivo de perambular longe de casa ou do lar, fugir de casa. A palavra, um tanto difícil ,vem do grego: ekdemos.on + manias.as.

De acordo com Victor Oyamada Otani, coordenador do setor de psiquiatria da Santa Casa de São Paulo, o transtorno está tradicionalmente relacionado ao diagnóstico de um episódio de mania, um dos pólos do TAB (Transtorno Afetivo Bipolar).

São observadas significativas alterações de humor, comportamento e sono. No entanto, é importante ressaltar que esse comportamento pode ser confundido com outros quadros, por isso é fundamental a avaliação de um especialista para realização correta do diagnóstico. A terapia pode auxiliar na ressignificação do forte desejo de viajar e explorar o mundo.

Síndrome do Eterno Viajante é a sensação de não estar cômodo em nenhum lugar porque necessita estar em outros. É a ansiedade que vc sente ao pensar que nunca será feliz em um só lugar! “Conheço pessoas que são felizes trabalhando no mesmo lugar depois de 10 anos, com sua hipoteca, suas férias em Menorca um verão após o outro. Não precisam mais do que isso. De algum modo, sinto certa inveja. Eles são felizes com o que têm e vejo isso cada vez mais claramente, e eu, bem, já não sou tanto…” declara Lucia Sanchez num dos vídeos mais bacanas do canal “Algo que recordar” sobre a inquietação de permanecer viajando.

Como salientei no início, trouxe os resultados derivados de algum tipo de transtorno, ou seja, quando o desejo de algo já não tem mais controle ou explicação. Entra simplesmente num looping automático, uma questão de só bater metas, ter os carimbos no passaporte e pronto! Em tempos de rede social então…! A foto vale mais que qualquer experiência e o número de lugares visitados dá mais status ao “influenciador”.

Não é preciso explicar que isso não é saudável. A qualidade deveria ser superior em importância do que a quantidade. Temos que ter motivos reais, palpáveis e claros para realizar algo e em estando a realizar devemos estar inteiros, presentes, vivenciando de verdade cada experiência.

Em meio a tanto stress da luta diária e recém saídos de um isolamento forçado e triste, parece-nos claro e forte o desejo de sair desbravando por ai…. Fronteiras fechadas nos deram ainda mais urgência em querer estar e conhecer! Outro ponto é que, uma vez aberto esse bendito canal do explorar fronteiras e culturas, não voltamos iguais! Não é mito minha gente! Quando você viaja algo muda definitivamente em você. Este grande estímulo provocado pela experiência em si nos faz como que viciar e querer sempre mais.

Ir mais longe tanto interna como externamente!

O segredo é o EQUILIBRIO!

J.B.

“Quero estar lá
Eu estou lá?
Não, estás aqui.
Então pra lá me fui,
e o lá se tronou aqui.
Mas aqui não era lá?
Agora é aqui,
e já não serve.
Quero o lá de novo!
E pra lá parti.
E agora, estou lá?
Chegaste aqui.
Mas aqui, já estive,
lá quero estar.
O lá é longe daqui,
e em vários lugares;
todos os outros,
menos este.
É pra lá que vou.”

Laura Sette